Retiro. Tratamento. Dieta.
O Retiro Shipibo é uma imersão terapêutica e espiritual conduzida por curandeiros indígenas da Amazônia peruana, com base em uma tradição viva transmitida há gerações.
Mais do que uma experiência, trata-se de um tratamento integral com plantas, chamado de Dieta pelos indígenas, voltado ao reequilíbrio físico, emocional, energético e espiritual.
Cada retiro é guiado por indígenas e médicos vegetalistas Shipibo-Konibo que aplicam seus saberes através de práticas como: cerimônias com ayahuasca, toma de diversas plantas, banhos medicinais, saunas, emplastros, purgas, massagens, momentos de silêncio e escuta e cantos de cura (saiba mais abaixo nessa página).
Essas práticas são realizadas ao longo de vários dias, em um ambiente de contenção ritual, alimentação adequada e cuidado coletivo. O trabalho é sempre adaptado às necessidades específicas de cada pessoa, considerando seu histórico biográfico, físico, psíquico e espiritual (passado e atual).
Além do tratamento com os curandeiros, também estão incluídas experiências de conexão com a natureza, momentos de integração e partilha, e vivências de contato respeitoso com a cultura Shipibo-Konibo.
Os retiros têm duração de 10 dias e são oferecidos para grupos de até 20 participantes.
Para saber quando serão os próximos Retiros Shipibo acesse Agenda ou entre em contato.
Maestro. Condução.
Os retiros são conduzidos pelo maestro Panshin Nima (Walter López) em colaboração com outros curandeiros e seus familiares.
Nessa tradição, os curandeiros são conhecidos como Onanya ou maestros – termo usado localmente para reconhecer quem detém sabedoria espiritual e domínio das plantas medicinais.
Panshin Nima iniciou seus estudos ainda na juventude com seus avós, Sani Meni e Rosendo López, ambos curandeiros respeitados. Essa transmissão familiar foi o ponto de partida de uma trajetória longa e rigorosa: ao longo dos anos, realizou inúmeras dietas com plantas mestras, por meio das quais desenvolveu relações diretas com os espíritos vegetais.
Sua prática é guiada pelo ensinamento das plantas, uma observação atenta e um profundo compromisso com o bem-estar dos participantes. Seu trabalho é reconhecido dentro e fora da floresta, por sua seriedade, humildade e dedicação à tradição viva.
Atualmente, Panshin também presidente da Asociación de Onanyabo Médicos Ancestrales Shipibo-Konibo (ASOMASHK), através do qual representa os curandeiros de seu povo.


Cerimônia. Ayahuasca. Tabaco.
Ainda hoje, as cerimônias Shipibo são conduzidas da mesma forma como eram ritualizadas há milhares de anos: no escuro, com auxílio do tabaco em seu cachimbo, o maestro entoa os ícaros – os cantos transmitidos pelas plantas. E assim, somente com a voz e sopros, sem qualquer instrumento musical para acompanhá-lo, ele guia o trabalho espiritual do início ao fim.
Os curandeiros iniciam a cerimônia com a preparação do mapacho — um tabaco amazônico cultivado e utilizado tradicionalmente em contextos espirituais. Eles sopram sua fumaça sobre si mesmos, nos participantes e no ambiente para proteger, purificar e alinhar o campo energético. Ao longo do ritual, o mapacho continua sendo usado para selar cantos, estabilizar processos internos e transmitir a força dos ícaros por meio da fumaça.
Durante a cerimônia, os curandeiros cantam ícaros personalizados para cada participante, em um contato direto e individual.
Esses cantos não são pré-definidos: são recebidos no momento, a partir da escuta espiritual e da relação com as plantas mestras. Por meio do som, orientam, limpam, desobstruem, organizam e protegem o campo interno de quem os recebe.
A ingestão da ayahuasca pelos participantes é opcional. Tradicionalmente, apenas os curandeiros bebiam, realizando o tratamento por meio do canto. Nos retiros, cada pessoa é livre para decidir se deseja tomar a planta ou não — o tratamento se mantém ativo, pois é conduzido pelos Onanya através dos ícaros e da medicina vibracional. Uma cerimônia Shipibo é um convite para olhar para dentro de si enquanto recebe as canções das plantas entoadas por um curandeiro.

Saunas.
As saunas com plantas medicinais promovem uma limpeza física profunda através do calor e do suor. Cada sessão é individual e preparada com uma combinação específica de cerca de dez plantas, escolhidas pelos curandeiros de acordo com o momento do tratamento.

Banhos.
Os banhos são preparados com plantas frescas maceradas em água fria, escolhidas pelos curandeiros para restaurar o equilíbrio energético e reforçar a vitalidade espiritual. Essa prática ajuda a limpar o campo sutil, protegendo o corpo e a mente durante e após o retiro.

Toma de plantas.
Além da ayahuasca, o tratamento inclui a ingestão de duas plantas: piñun colorado, que provoca uma purga intensa e desobstrui o organismo, e tanti rao, que atua sobre o circuito mental e emocional, desacelerando o pensamento e abrindo caminhos para sonhos e visões conscientes.

Shingara.
A Shingara, também chamada de rapé líquido, é feita com uma infusão de mapacho e mucura e inalada pelas narinas. Essa medicina atua sobre o sistema respiratório e os canais energéticos da cabeça, trazendo foco, desbloqueio e alívio de tensões acumuladas.

Emplastro.
Os emplastros são feitos com plantas frescas maceradas e aplicadas sobre a testa com o auxílio de uma faixa. Permanecem por algumas horas, favorecendo a liberação de cargas emocionais e a limpeza de memórias densas que permanecem nos campos mental e sutil.

Massagem.
A massagem tradicional Shipibo, conhecida como Traumatologia, aplica pressão sobre pontos específicos do corpo para liberar memórias traumáticas armazenadas nos tecidos. Atua como um desbloqueio físico e emocional profundo, ampliando o efeito das outras práticas.
Nutrição.
A alimentação é parte essencial do tratamento e atua como base de sustentação do trabalho com as plantas.
Durante o retiro, é seguida uma dieta alimentar que evita substâncias consideradas incompatíveis com o processo energético e espiritual das plantas utilizadas.
As refeições são simples, naturais e equilibradas: frutas, legumes, verduras, grãos, pães, sucos, chás, ovos, peixe e frango, distribuídos em três refeições diárias. Nos dias de cerimônia com ayahuasca, o jantar é suspenso, e o jejum após o almoço é recomendado como forma de preparo interno.
Os refeitórios são coletivos, mas toda a alimentação é preparada exclusivamente pela família dos curandeiros, de acordo com os preceitos da tradição Shipibo-Konibo, respeitando tanto as orientações alimentares quanto as dimensões rituais do cuidado.

Nota importante sobre o tratamento:
O Retiro Shipibo não substitui tratamentos médicos convencionais ou acompanhamento psicológico profissional. Embora seja uma prática tradicional profundamente eficaz para muitos, não é uma terapia ocidental, nem segue critérios clínicos ou diagnósticos formais.
As plantas medicinais utilizadas e os métodos aplicados pelos curandeiros são parte de um sistema ancestral de conhecimento, baseado em cosmologia própria, e sua atuação depende de múltiplos fatores espirituais, energéticos e relacionais.
Não prometemos cura, resultados imediatos ou soluções mágicas. O processo exige entrega, disciplina e respeito ao tempo e aos modos da tradição.
Antes de participar, cada pessoa será avaliada física, mental e emocionalmente, e deve conversar abertamente com a organização caso tenha dúvidas ou necessidades específicas.
